Para sempre? Nem pensar!



A idéia mais perversa e doentia em um relacionamento pode ser pensar que ele durará incondicionalmente para sempre. Parece estranho dizer isto, mas é verdade! E esta verdade vale tanto para os piores quanto para os melhores laços que se tem com as pessoas, seja na amizade, no casamento ou no trabalho.

Quando tudo parece estar perfeito é natural desejar que dure para sempre. O perigo desse desejo é acreditar em sua incondicionalidade. Estar certo de que aquilo que está muito bom durará por si só para sempre é como tentar envernizar o vento. Na verdade, isso é uma armadilha psicológica para o coração, pois a certeza de durabilidade coloca a pessoa em zona de conforto, fazendo-a perder o sentido e a necessidade da conquista diária, tornando o relacionamento monótono simplesmente porque se acreditou não precisar fazer mais nada de especial para garantir a sobrevida daquilo que naturalmente não conseguiria sobreviver só com o tempo.

A elevada segurança que porventura se mantenha em um relacionamento tende a deixar as pessoas eventualmente mais confiantes e por isso arriscam mais, tornando-se mais descuidadas e menos diligentes no trato diário. Inevitavelmente acabam perdendo aquilo que imaginavam não perderiam nunca, simplesmente porque acreditaram na incondicionalidade do “para sempre...”.

Atônitas, muitas pessoas tardam compreender por que aquela certeza de eternidade não se concretizou e delongam entender por que a realidade nem sempre obedece aos desejos do coração. Quando, por algum motivo, previsto ou imprevisto acontece ruptura natural ou não, então, o impacto emocional será devastador para quem sustentava a confortável, porém perigosa certeza de que aquele vínculo seria eterno. Neste caso, fazer algo diferente todo dia é muito mais eficaz do que apenas acreditar na imortalidade da relação.

As pessoas que mais sofrem com o fim de um relacionamento ou com a perda de um emprego são aquelas que acreditavam seriam eternos. O pior de tudo é que a maioria dos relacionamentos termina justamente porque as pessoas acreditavam ter certeza de que durariam para sempre e, por isso, pensavam não precisar fazer nada de especial para torná-los eternos de verdade e não apenas enquanto durassem por si mesmos.

Talvez por causa dessa perniciosa certeza, a morte, a separação ou as perdas de modo geral tenham desenvolvido incrível talento para dirigir os sonhos de quem as sofrem. As metas e objetivos de vida tendem a durar mais quando as pessoas se preparam melhor para a idéia de que nada nem ninguém são incondicionalmente para sempre. No ciclo da vida o fim é sempre uma oportunidade de recomeço.

De igual modo, quando o relacionamento se torna aflição diária, pensar que aquela relação durará para sempre só aumentará a agonia e o desespero, fazendo com que as pessoas intensifiquem as estratégias de ataque ou os argumentos de defesa, tornando o diálogo produtivo algo impossível, fazendo prevalecer os berros como a via régia daquela relação degradante e precocemente terminal.

O calor das discussões e das agressões físicas ou verbais tem o poder de anular a confiança e fazer evaporar o respeito e o amor necessários para a manutenção de qualquer tipo de relacionamento. Relacionar-se é ato contínuo de investimento diário. O que fez um relacionamento durar até certo ponto pode não ser mais suficiente para levá-lo adiante. Para um relacionamento acabar, basta não fazer nada.

Tanto nos melhores, quanto nos piores relacionamentos é aconselhável pensar e cultivar a idéia de que eles não durarão para sempre. Desta forma, aquilo que está muito bom poderá ficar ainda melhor, pois um pouco de insegurança fará a pessoa ficar mais alerta, mais atenciosa e assim investirá mais qualidade na relação.

Aquilo que está muito ruim, por sua vez, poderá ser tolerado até que o desfecho final se efetive de forma pacífica e quem sabe até amistosa. O fato de pensar que um relacionamento ruim não durará para sempre tira das pessoas a necessidade de transferir culpas e se protegerem atacando-se mutuamente, pois sabem que não ficarão muito tempo juntos, mantendo assim pelo menos o respeito e a amizade até que as coisas se ajeitem e, como efeito colateral positivo, poderá inclusive fazer durar um pouco mais aquilo que era possível não acabar tão breve.

Acreditar que se está incondicionalmente com alguém para sempre? A partir de agora nem pensar!

Obs.: Essa "teoria" também serve para relacionamentos entre professor e aluno. Pense como estar a sua prática pedagógica. Você se acomodou ou ainda busca novidades e recursos ATRATIVOS para contribuir com o ensino-aprendizagem?



Adaptado por: CLAUDIA REGINA DA SILVA BRAGA

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